A Preferência Temporal em Nossas Vidas

O filósofo e economista Hans-Hermann Hoppe desenvolve o importantíssimo conceito da preferência temporal em seu livro "Democracia, o Deus que Falhou". Esse conceito é totalmente negligenciado por economistas keynesianos, que dão ênfase no consumo e produção, já para a Escola Austríaca de Economia, com ênfase em investimentos, o conceito de preferência temporal é evidenciado.
A preferência temporal é a propensão em trocar um bem presente por uma maior quantidade de bens futuros. Em outras palavras, é a propensão a realizar um investimento para ter mais bens futuros do que gastar o mesmo insumo para ter menos bens no presente.

No livro é dado o exemplo da história de Robinson Crusoé, em que ele decidiu gastar seu tempo (insumo) para produzir uma rede de pesca para obter mais alimentos (bens). Robinson Crusoé poderia ter decidido continuar procurando outras formas de alimentos prontos, mas resolveu investir seu tempo para produzir um bem intermediário que possibilitaria aumentar a produção de alimentos. A citação de Crusoé exemplifica bem que nem todo investimento é financeiro. Bens intermediários, que aumentam a produção de bens finais, também são investimentos.

O processo civilizatório é caracterizado pela queda da propensão temporal, o ser humano passa, cada vez menos, a ter que gastar seu tempo e insumos para suprir suas necessidades básicas e começa a gastá-los para aumentar a sua produção futura de insumos. Nesse sentido, os governos são forças descivilizatórias, porque a taxação sobre os processos produtivos aumentam os riscos sobre investimentos e, como consequência, aumentam a preferência temporal dos indivíduos.

A Preferência Temporal na Prática


O conceito de preferência temporal pode ser aplicado tanto para macroeconomia, bem como para nossas próprias vidas. Estimando um tempo de vida de pelo menos mais de 80 anos (sempre estime alguns anos a mais, para não correr o risco de não planejar os últimos anos de vida), seria inteligente adotar uma preferência temporal mais baixa no começo da vida e progressivamente aumentar a preferência temporal em proporcionalidade com o aumento da segurança financeira.
Obviamente, os agentes da Matrix financeira ficariam muito tristes se todos adotassem uma preferência temporal baixa. Quem sustentaria o sistema com empréstimos e juros de cartão de crédito?

A sabedoria convencional propaga a ideia de gastança dos 15 aos 30 anos e uma vida desenfreada. Sou absolutamente contra essa ideia, já vi muito idoso sem dinheiro algum e com famílias totalmente desestruturadas, mas eu ainda não vi um idoso que se arrependeu de não ter se divertido mais e gastado mais dos 15 aos 30 anos.

Uma ideia interessante de Hoppe sobre a preferência temporal individual é a possibilidade do ser humano de manter uma preferência temporal sempre baixa, para maximizar o retorno durante mais de uma geração. Apesar de alguns enxergarem a herança com desdém, as grandes fortunas foram quase todas construídas por investimentos de sucessivas gerações, inclusive, as famílias da elite financeira mundial (Rothschild, Rockfeller, Astor, etc.) são todas bem estruturadas, diferentemente da intenção de todos os investimentos em manipulação comportamental para que a sua família não o seja.

Por Que a Preferência Temporal é Subestimada?


A preferência temporal é subestimada porque é um conceito importante demais e se todos se dessem conta de quão importante é ter uma preferência temporal baixa, pelo menos nos primeiros anos de trabalho, vários agentes da Matrix Financeira cairiam. 
É muito mais útil, na ótica de poder do governo, ensinar um conceito totalmente falho como a Mais-Valia, que é totalmente inútil do ponto de vista econômico, porque o valor dos bens é determinado pela demanda e não pela quantidade de trabalho. Aliás, pela ótica educacional do governo brasileiro, que reflete o pensamento do próprio Paulo Freire, a educação serve para formar cidadãos "críticos" (codinome para massa de manobra) e não ensinar em si. Espero que nos próximos anos fontes de conhecimento fora do controle estatal possam florescer para derrubar o "monopólio" do politicamente correto na educação.

Comentários

  1. Ótimo resumo, obrigado!

    Pesquisarei mais sobre a escola Austríaca de economia.

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    1. Eu que agradeço, Aportador Indeciso! A Escola Austríaca de Economia é muito coerente, os estudos econômicos dos economistas da escola são baseados na lógica e não em achismos, como acontece muito em outros estudos de ditos economistas.

      Abraços!

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  2. Excelente resumo parece ser bom livro, sempre bom ler para aprender mais

    Abraço e bons investimentos.

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    1. O livro é excelente e reflete a genialidade de Hoppe em conseguir aplicar a lógica em teorias políticas e econômicas.

      Abraços!

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  3. Capitalismus, tenho 15 anos e quero mirar empresa uma profissão desde agora, qual devo?

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    1. "quero mirar empresa uma profissão desde agora"

      Aprenda a escrever primeiro, o que você escreveu é ininteligível.
      Como você vai conseguir algo se não sabe escrever?
      Além de escrever corretamente, aprenda a falar corretamente.
      Cada um que aparece.

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    2. Salve, Anon! Esqueça a falta de cordialidade do Anon das 10:44, mas o que ele disse é verdade. Primeiramente, você precisa dominar o básico para todas as profissões e, depois, travar contato com diferentes profissões para verificar onde seus talentos inatos seriam melhor aproveitados.

      A resposta para sua pergunta é pessoal, mas você deve pesar quais são suas habilidades e quais os mercados onde essas habilidades seriam melhor remuneradas e sempre buscar o aperfeiçoamento pessoal.

      Abraços!

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  4. Ótima reflexão. Fico até imaginando como seria o mundo em que o consumo não fosse tão agressivo assim... Acho que não dá nem para prever as consequências. Ainda bem que são poucos que pensam em investimentos, caso contrário os incentivos seriam menores para nós

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    1. Salve, Senhor Bufunfa! Até dá para pensar nas consequências, porque algumas sociedades favorecem mais o investimento em relação ao consumo do que outras. A queda da preferência temporal de uma sociedade resultaria no aumento de riqueza produzida e, com o passar do tempo, elevaria o padrão de vida dessa sociedade. Não tenho certeza se os incentivos para investimentos seriam menores, porque haveria mais riqueza e, por indução, menos interferência governamental.

      Abraços!

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  5. Robert Kiyosaki não gostou do seu post.

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  6. Excelente post amigo. Tocou em vários pontos que muita gente ignora. Os dois principais que eu quero comentar são:

    - Herança: Tem muitas pessoas que acham errado que os outros recebem heranças. Mas na prática qualquer um que vai querer que tudo o que eles construíram fique para os seus descendentes, porque a vida é muito mais difícil quando você esta começando do zero. Você não vai ver nenhuma dessas pessoas anti-herança doando as suas coisas para o Estado antes de morrer.

    Sem contar que as pessoas não tem que sentir culpa por herdar as coisas. Ninguém tem culpa se os ancestrais de uma pessoa só fizeram merda financeiramente e os dos outros souberam produzir, investir e aproveitar as oportunidades. E quanto aos herdeiros serem merecedores ou não do que herdaram, a menos que o estado meta sua mão para ajudar os incompetentes, a tendência natural é que maus herdeiros percam e destruam tudo por conta própria, então o mundo é bastante justo nesse sentido. Só quem tem mentalidade invejosa que não entende isso.

    - Estrutura da família: Outra coisa que eu reparei que separa ricos e pobres. As famílias ricas se lembram dos seus ancestrais e os respeitam. Muitos ricos europeus lembram dos ancestrais desde a época medieval. Enquanto que o brasileiro médio se duvidar nem sabe quem foi seu trisavô.

    E também tem o lance de competição da família. Aqui boa parte das pessoas compete com os irmãos e primos para ver quem está melhor de vida e até sentem satisfação em ver que outro está pior. Agora observe certos povos asiáticos para você ver que é todo mundo se ajudando e ninguém compete financeiramente dentro da família.

    E por último é bem como falou. As famílias de ricos são dinásticas e bem estruturadas. Os Rothschild mesmo, só são o que são porque cada irmão montou um banco em um local do mundo e eles se ajudavam entre si. Isso foi possível graças a mentalidade que é ensinada na cultura judia. Se fosse uma família brasileira média, os irmãos que se dessem bem deixariam os outros se foderem para se sentirem bem sabendo que são os ricos da família.
    No Brasil, por exemplo, as famílias que controlam os meios de comunicação por exemplo são todas assim. Olha a Globo por exemplo, fazem toda essa campanha para desestruturar a família dos outros, mas na família Marinho cade os transsexuais e as feminazis? Não tem. Justamente porque a estratégia dessas elites para se manter sem competição é fazer das família dos outros um lixo completo.

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    1. Salve, Anon! Muito bom comentário, complementou a ideia do meu texto. A única coisa que eu acho imoral no assunto herança é o fato dos governos acharem que têm o direito de roubar uma parte para eles.

      Abraços!

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  7. Capitalismus, sou eu novamente, o autor do antigo blog, Um Ativo Diferente, sobre aluguel de temporada.

    Mudei o meu blog para ficar mais fácil de visualizar seguindo a dica do nosso amigo Uórrem Bife.

    viverdealugueldetemporada.blogspot.com.br

    Estou adicionando você no Blogroll e por favor, adicione o meu!

    Viver de Aluguel de Temporada

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  8. Quando vejo estes artigos me lembro da época de um vídeo do Daniel Fraga sobre instituto mises lá em 2010, na época desenvolvimentistas&keynesianos atacavam quem discordava das teorias sem pé nem cabeça deles com este papo de política anticíclica.

    O pior é que tem monte desses pessoal aqui no blogosfera só não perceberam ainda KKKK



    Olha ai :https://www.youtube.com/watch?v=IE_ZT55T1Kc&feature=youtu.be

    O mais engraçado é ler os comentários hahahaha

    Enquanto isso estou há 4 anos operando em cima dos ciclos e ganhando uma grana violenta.

    Preferência temporal do político é até próximo mandato hahahaha
    Abraço

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    1. Bem lembrado, Mestre dos Dividendos. Há alguns anos atrás o conteúdo da Escola Austríaca era praticamente desconhecido no Brasil, ainda bem que isso está mudando.

      O Daniel Fraga fez história quando impediu o confisco de seus bens, pena que ele desapareceu da internet.

      A preferência temporal máxima do político sempre será até o próximo mandato, por isso que Hoppe, com razão, prefere os governos privados (monarquia tradicional) aos governos públicos (democracia).

      Abraços!

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  9. Grande postagem.

    Seria muito bom se nos enriquece mais sobre o tema, eu mesmo não conheço nada a respeito.

    abraços

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    1. Obrigado, Vidinho! Este é um tema que eu irei abordar nas próximas postagens, estou com pouco tempo nas últimas semanas, mas tentarei manter o ritmo de postagens no blog nos próximos dias.

      Abraços!

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