Reformas e Colapso Econômico

Eu estava bem mais otimista com o Brasil no começo do ano do que estou agora. Achava que reformas econômicas realmente significativas poderiam se concretizar e conter o crescimento desenfreado da dívida pública, mesmo com o Temer como presidente, que já começou seu governo decadente acusado de corrupção, sendo que a situação só piorou depois da delação da J&F. Como a democracia é uma farsa, seu governo continua até hoje e continuará até o final do mandato, a menos que Temer resolva fazer uma visita inesperada ao Tinhoso.
A reforma da previdência é fundamental para impedir o colapso total das contas públicas, é impossível que qualquer nação próspera gaste tanto para pagar a aposentadoria, aliás, pelo sistema atual, pessoas com menos de 50 anos conseguem se aposentar pelo INSS, recebendo aposentadoria por muitas décadas. Evidentemente, com o aumento da expectativa de vida, chegaria um ponto em que existiriam muitos aposentados para um número equivalentemente pequeno de trabalhadores que sustentam o INSS.

O erro da reforma da previdência proposta é que ela é muito moderada. O correto seria extinguir a pirâmide do INSS e demais sistemas de aposentadoria públicos, criando um sistema voluntário de capitalização, mas isso seria utópico na situação atual.
Ponzi obrigatório para o brasileiro
Quando escrevi meu post sobre a reforma da previdência e o estudo da odiosa Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal do Brasil, achava que a reforma da previdência realmente passaria. Agora é praticamente impossível que alguma reforma econômica seja aprovada, porque o governo Temer foi novamente fragilizado depois da delação da J&F e porque 2018 será ano eleitoral, então, como de praxe, nenhuma medida importante é aprovada, ainda mais medidas impopulares.
A dívida pública/PIB é estimada em quase 71% do PIB e está crescendo cerca de 4% por ano. Nesse ritmo em uma década a dívida pública/PIB passaria de 100%, porque os juros sobre a dívida fazem com que ela cresça sempre mais rápido quando está grande. 

O Brasil gasta muito mais do que arrecada, mesmo sem contar com os juros da dívida.

Essa é a única matemática que importa, qualquer cálculo que tente mostrar o contrário ou que reformas não são necessárias é uma farsa criada por setores que se beneficiam de altos gastos públicos.

Pois bem, vou organizar as reformas econômicas em uma lista do que se esperava e o que se concretizou:

O que se esperava:

- Teto de Gastos: estabelecimento de um teto de gastos para os próximos orçamentos que limita o crescimento de gastos.
- Reforma da Previdência: estabelecimento de cálculo contribuição + idade para determinação da aposentadoria.
- Reforma Trabalhista: corte de regulamentações para desburocratizar a contratação de funcionários.
- Reforma Tributária: simplificação de impostos para, pelo menos, reduzir o gasto das empresas em calcular impostos.

O que aconteceu:

- Teto de Gastos: o teto foi estabelecido, mas só isso não muda a situação atual, por causa do crescimento insustentável dos gastos obrigatórios.
- Reforma da Previdência: nada aconteceu.
- Reforma Trabalhista: foram cortadas algumas regulamentações, mas a melhora foi quase irrelevante.
- Reforma Tributária: só vai acontecer se for para aumentar impostos.

Embora os jênios da odiosa Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal do Brasil não tenham a menor pista sobre a curva de Laffer, já passamos do ponto em que aumentos de impostos traduzem em aumentos de arrecadação. Um país burocratizado e com taxa de arrecadação de impostos de 40% teria a economia ainda mais massacrada caso qualquer aumento de impostos significativo fosse aprovado.
Como medida de segurança para a minha carteira, estou liquidando minhas posições em setores mais expostos às variações da atividade econômica brasileira. Vendi, recentemente, minha pequena posição na Eztec (EZTC3) para sair do setor de construção civil. Planejo aumentar minhas posições Offshore, posições em ações que ganham com a desvalorização cambial e posições em RF com liquidez diária nos próximos meses.
Um dos motivos para que eu considere a democracia como uma ameaça à humanidade é exatamente o que eu desenvolvi nesse post. O popular médio de qualquer país do mundo não tem conhecimento para identificar as relações de causa e consequência na política e, por isso, é manipulado por benesses governamentais que a longo prazo o empobrecem e diminuem severamente sua qualidade de vida.

Comentários

  1. Democracia leva inexoravelmente ao socialismo, que nada mais é que escravidão e esmola.

    Estou com medo disso tudo. Não vai mudar nada pra melhor no Brasil. Só funcionários públicos se dão bem nesse lixo de país.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, C.F.! É um ato heroico empreender no Brasil, sustentar um funcionalismo enorme e que ainda atrapalha é tarefa árdua. Infelizmente, a Lusitania não está muito atrás nesse quesito, baixa produtividade e setor público inflado.

      Abraços!

      Excluir
  2. Capitalismus,

    Você acha mesmo que a reforma da previdência não sai? Porque caso não saia isso ira impactar negativamente na economia.

    Por isso estou planejando iniciar investimentos no exterior, e com isso mitigar ainda mais os riscos do mercado nacional.

    Abraços do BnA

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, BnA! Não acho que saia até 2019, se sair será um texto muito modificado que trará melhorias irrelevantes. Concordo em realizar investimentos no exterior, mas cuidado para também não se expor muito aos riscos de outras economias.

      Abraços!

      Excluir
  3. Fala Marcelo!

    O cenário está tenso. O governo não quer abrir mão de seu imenso tamanho. Prefere jogar nas nossas pequenas costas. A cada dia sai uma ideia disso aumentar ir para 35%, tributar dividendos e por ai vai...

    Enquanto isso dinheiro para comprar silencio corre solto...

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, Investidor Inglês! Exatamente, a política não trabalha sob um sistema de lucros/prejuízos, então a lógica dos políticos é ampliar o próprio poder deles, dessa forma, qualquer diminuição de orçamento significa uma diminuição da autoridade deles.

      Abraços!

      Excluir
  4. Sou otimista. Acredito que o Brasil possa sair do buraco. Mentira, não acredito não. E tudo por causa dessa, "falsa Democracia" implantada em 88'. Enquanto esses Comunistas não forem instintos e esses ladrões presos duvido haver uma melhora no País como um todo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa, Maxwell. huahuahua. A idolatria à constituição é muito perigosa, ela acabou criando um monte de "direitos" impossíveis de serem cumpridos pelo estado, o que burocratiza o país e engessa a economia.

      Abraços!

      Excluir
  5. O cenário é muito tenebroso mesmo,

    Quando mais Estados começarem a quebrar e não ter mais dinheiro para pagar as aposentadorias do INSS é o momento que vão fazer alguma coisa. Não tenho esperança nesse país. O Brasil só possui uma saída: o aeroporto.

    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, Aportador. Minha espectativa otimista é que depois de alguns estados não aguentarem, em 2019, façam alguma reforma limitada da previdência. Pelo menos no Brasil há um movimento libertário em crescimento, estou menos pessimista com o Brasil do que com os países da União Europeia que têm uma "esquerda liberal" grande e situações previdenciárias e de endividamento ainda piores.

      Abraços!

      Excluir
  6. Como cheguei a comentar, o problema do Brasil é que tá cheio de gente medíocre que só querem o caos e elegem pessoas pra elaborar esse caos, o Estado foi esperto e malandro quando isentou o pobre de impostos, não que eu ache certo quem tem muito pouco arcar com essas alíquotas doidas, mas o pobre medíocre, ao vê que não arca com tributos, se motiva a cobrar do Governo que aumente a carga tributário dos mais afortunados, é aquela situação: "pimenta nos olhos dos outros é refresco", é só perguntar pra qualquer beneficiário de bolsa família o que ele acha dos tributos, ele vai responder que nem liga pois não paga e quer que os que pagam se fodam ainda mais, é um revanchismo por ira de não ter nascido rico, vê no Estado um Robin Hood, acha realmente que a arrecadação irá se transformar em benefícios pra si, coitado.

    De qualquer forma, estamos próximo de uma grande crise, assim como as que os outros países passaram, quando a tragédia acontece é quando todo mundo se dá conta dos seus erros para se erguerem novamente, o que me entristece é que o brasileiro é do tipo que nunca aprende, lamentável.

    Abraço do Norte.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, Lobo! Essa mentalidade de passar a perna no próximo faz sentido no sistema democrático, porque em uma democracia a união de esforços de A+B para ferrar C é legitimada.

      Saliento que o Robin Hood lendário é um herói, porque tirava do governo para restituir ao povo.

      Abraços!

      Excluir
  7. "O problema do Brasil é... o BRASILEIRO". Podem me xingar, bater, mas isso é o cerne do nosso problema. Criamos cidadãos desonestos, analfabetos politicamente e financeiramente, lenientes e doutrinados pelo sistema "democrático", pela CLT, pelos "meus direitos". Nosso povo não tem deveres!

    A Constituição de 88 foi o último prego no caixão do Brasil. Os corruptos travestidos de patriotas enganaram o povo, como os lobos cercam as ovelhas. Vi na Tv outro dia (raro eu ver Tv) que a dívida pública em +-5 anos será 100% do PIB ou mais. Hoje, estamos "apenas"em 81%...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, esse é um grande problema do Brasil, mas, infelizmente, a maioria dos países do ocidente não ficam muito atrás do Brasil nesse quesito, analisando a situação atual dos Welfare States da Europa Ocidental percebe-se que o problema é muito mais cultural do que econômico.

      Pela minha pesquisa a dívida é de 71% do PIB, mas ela está crescendo muito rápido e sem controle. Concordo quanto a constituição brasileira e reafirmo meu desprezo à idolatria da democracia e da constituição.

      Abraços!

      Excluir
  8. Grande Marcelo,
    Você foi ao ponto certo na reforma da previdência: "o correto seria extinguir a pirâmide do INSS e demais sistemas de aposentadoria públicos, criando um sistema voluntário de capitalização, mas isso seria utópico na situação atual".
    Esse sistema de repartição não funciona mais porque a taxa de natalidade caiu muito [nem tudo está perdido] nos últimos anos, hoje está em cerca de 1,77 filhos/mulher [https://goo.gl/iLxiGm]. Abaixo até que a dos EUA [https://goo.gl/rKEPjS].
    O problema é que essa mudança de sistema nem entrou em discussão na reforma da previdência.
    Se seguir essa toada, essa e as próximas reformas serão apenas para dificultar ou inviabilizar a aposentadoria.
    O pior é que somos obrigados a participar desse sistema falido. Nessa reforma poderiam dar a opção de ficar de fora e formar nossa própria previdência por meio de renda fixa.
    Bons investimentos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, Aroldo Batista! A implantação de um sistema de capitalização em detrimento da pirâmide atual vai contra a lógica de poder dos políticos, pois um sistema desses daria poder ao cidadão e diminuiria a autoridade dos políticos que não poderiam mais chantagear o povo "em defesa da aposentadoria".

      A baixa taxa de natalidade é um problema, não uma solução. Toda a sociedade que tem taxa de crescimento vegetativo abaixo da taxa de reposição entra em decadência, inclusive Vladimir Putin conseguiu reverter a tendência de diminuição da população russa após ter assumido a presidência, por causa da União Soviética e do governo Yeltsin, a população russa quase não cresceu de 1917 até o ano 2000.

      Abraços!

      Excluir

Postar um comentário