O mês passado fechou com deflação segundo o IPCA, há 11 anos foi a última vez que isso ocorreu. Os políticos e economistas mainstream começaram a anunciar que essa grande "catástrofe" foi causada pela desaceleração econômica e o governo logo aproveitou o embalo para aumentar os impostos sobre combustíveis e continuar diminuindo as taxas de juros.
A organização das finanças públicas de quase todos os governos nacionais favorecem a inflação, porque ela é uma forma de diminuir as taxas de juros reais sobre a dívida. Quase todos os governos mundiais são devedores e a inflação favorece os devedores. Inclusive, quando o BNDES e bancos públicos emprestavam dinheiro a rodo, algumas vezes a taxa de juros cobrada foi abaixo da inflação, então os devedores acabaram tendo que pagar menos do que receberam emprestado.
Entretanto, o aspecto mais maligno da inflação é que o governo é o dono da impressora de dinheiro e, por causa disso, o dinheiro fiduciário é "falsificado". Sempre que o governo imprime mais dinheiro por meio de dívida ou qualquer outro instrumento, quem recebe primeiro os recursos é o próprio governo, que o gasta e parte dele acaba indo para a sociedade.
Nas sociedades antigas os governos não conseguiam ter o controle monetário, porque as moedas eram os metais precisos, ouro e prata, e a escassez deles tornavam possível a utilização como moeda de troca. Entretanto, os primeiros impérios começaram a cunhar as próprias moedas e fazer ligas com cada vez menos metais preciosos e proibindo a circulação de ouro não cunhado, dessa forma, o Império Romano foi capaz de criar a primeira impressora de dinheiro em grande escala, cada vez que o estado precisava de mais dinheiro, eram cunhadas novas moedas com cada vez menos ouro e prata na composição.
Os bárbaros germânicos que invadiram o Império Romano do Ocidente tinham uma grande vantagem econômica em relação aos romanos: eles só aceitavam ouro e prata puros como moeda. Ao acabarem com a falsificação de moeda dos romanos, os germânicos acabaram com a inflação e permitiram uma retomada econômica nos territórios do ocidente, que já estavam arrasados antes da chegada dos bárbaros. [OFF] Os quatro reinos germânicos que sucederam o Império Romano do Ocidente, reinos dos francos, ostrogodos, visigodos e vândalos, foram perpetuadores da cultura romana, apesar do que é dito erroneamente nas aulas de história. [OFF]
Da mesma forma que os governantes romanos falsificavam moeda ao diminuir o teor de ouro, o dinheiro fiduciário atual também é falsificado, mas agora com emissões infinitas de dívida pública e eterno déficit nominal. O governo gasta mais do que arrecada, paga com dinheiro impresso e quando faz isso ele dilui todos que possuem a moeda estatal.
O ouro, prata e criptomoedas como o bitcoin possuem base monetária fixa, então não é possível que um governo comece a falsificar algum deles. Uma moeda de base monetária fixa, com um número limitado de impressão, tenderia a ter deflação sempre que a economia crescesse e isso seria neutro para a sociedade, nesse caso, inflação e deflação seriam ajustes do mercado em relação a oferta e demanda e não impressão de dinheiro de alguma entidade que dilui todos as outras pessoas que possuem a moeda. Na situação atual, a deflação é excelente, deixa o governo mais pobre e todas as outras pessoas que possuem a moeda mais ricas. Obviamente, o governo não deixou essa situação perdurar e já fez ajustes criminosos para aumentar a inflação.
Como se Proteger
A resposta é simples: priorize o investimento em ativos reais, porque eles não são atrelados a moedas fiduciárias. Uma classificação simplória das classes de investimento é dividir os investimentos em Renda Fixa e Renda Variável. A Renda Fixa é um sinônimo de AGIOTAGEM, apesar do nome feio e com má fama, é o empréstimo de moeda fiduciária a alguém e não há nada de errado nisso. A Renda Variável é o investimento na aquisição de ativos reais e, portanto, não atrelados a uma moeda fiduciária, na renda variável incluímos imóveis, empresas, participações societárias, etc.
Sempre que ocorreu um surto de hiperinflação, quem tinha dinheiro na Renda Fixa acabou se dando mal, porque a inflação real acabou corroendo os investimentos, enquanto para os investimentos em ativos reais, a inflação muda pouca coisa.
Tenho a grande maioria dos meus investimentos em ativos reais, RV, e a parte em RF é composta por reserva de emergência com liquidez diária e debêntures que pagam IPCA + taxa física. Não organizei meus investimentos dessa maneira somente por temor da inflação ou de um novo surto de hiperinflação, apesar que também foram motivos válidos. A maior vantagem em investir em RV é que em prazos longos ela tende a ter um rendimento muito maior que a RF e como volatilidade não é sinônimo de risco, não vejo perigo em investir dessa forma, muito pelo contrário.
Concordo, na renda variável volatilidade não é risco, se tiver valor as Ações e os FIIs a volatilidade pode ser oportunidade, de comprar bons ativos a preços mais baixos
ResponderExcluirAbraços e bons investimentos
Salve, DIeL! Infelizmente (ou talvez felizmente) grande parte dos "especialistas" usa somente a volatilidade para determinar se um investimento tem risco ou não.
ExcluirAbraços!
Isso ai MB,
ResponderExcluirNo Brasil parei de investir em FI e agora so invisto em FIIs e o colchão de segurança com liquidez diária.
De resto, vou começar a investir no exterior.
Abraço do BnA
Salve, BnA! Não gosto de investir em FI por causa das taxas de administração. FII também tem taxas, mas os imóveis não se administram sozinhos, quando a administradora é boa, é um dinheiro bem pago.
ExcluirAbraços!
Excelente postado MB,
ResponderExcluirTambém invisto mais em RV. Tenho dinheiro no TD, mas não estou gosta muito porque a inflação é bem mais alto do que anunciada.
Abraços.
Salve, Cowboy! É verdade esse ponto, além de tudo a inflação também é mais alta do que a anunciada.
ExcluirAbraços!
Otimo post, esse Império Romano sempre nos surpreendendo, não sabia que foi lá a criação da impressora de dinheiro em grande escala. Muito bom.
ResponderExcluirAnderson
Salve, Anon! Várias das políticas econômicas que enfraqueceram o Império Romano do Ocidente poderiam ser classificadas como Keynesianas nos dias de hoje.
ExcluirAbraços!
Opa, quero participar támbém no ranking, parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirtiopatinhasinvestidor.blogspot.com.br
Abraços
Salve! Neste ano o Ranking está limitado em 16 participantes. Vou lhe colocar na lista de espera.
ExcluirAbraços!
Excelente, MB!
ResponderExcluirCom certeza o maior benchmark que temos que nos esforçar pra vencer é a inflação...
Abraço!
Salve, Wannabe! A inflação é o mínimo que temos que vencer se quisermos investir bem, mas na RV não é possível vencê-la todos os anos e devemos nos contentar em vencê-la em períodos mais longos. É importante lembrar que a inflação real acaba sendo maior que o IPCA.
ExcluirAbraços!
Inflação é uma das correntezas que o investidor tem que contra-nadar com pouco mais esforço se quiser sair do lugar, tinha a ideia de equilibrar 50%/50% entre RF e RF, mas o "investidor inteligente" me ensinou que deve ser 25% em RF, mas não visto como investimento mas como uma reserva, tanto para investir numa oportunidade na RV ou para uso em algum empreendimento, obrigado pela informação Barbarossa.
ResponderExcluirAbraço do Norte.
Salve, Lobo! Bem lembrado, as informações do Investidor Inteligente são valiosíssimas. A minha ideia com RF também é majoritariamente a de reserva, somente as debêntures que eu vejo com investimento mesmo, não tenho pretensão de vendê-las antes do vencimento, mas no vencimento poderei utilizá-las para algum investimento mais vantajoso.
ExcluirAbraços!