Cheguei no trabalho, cumprimentei os colegas e reparei na alegria do Mévio, meu colega de trabalho, ao mostrar as funcionalidades de seu iPhone 7. Com um pouco de constrangimento, Mévio explicou que o seu celular anterior, que era relativamente novo, tinha sido furtado em um festival de música sertaneja. Não preciso dizer que o Mévio aumentou tanto seu grau etílico ao ponto que ele não conseguiu impedir que um pivete desgraçado enfiasse a mão no seu bolso e saísse correndo, não é?
Acho que também não preciso dizer que Mévio é o típico brasileiro convencional, gasta todo seu salário em inutilidades, produtos da moda, bebidas etílicas e farra. Mévio tem quase 30 anos e não tem um cascalho no bolso. Mévio acha que é um excelente financista, porque dirige 10 quilômetros para abastecer o carro em um posto de qualidade duvidosa que cobra mais barato pela gasolina.
Deixando de lado a parte sombria das desventuras do Mévio, vou passar para a parte que mais me chocou: Mévio contratou um seguro para celular e paga 80 reais por mês!
Segundo Mévio, foi um excelente negócio, a franquia do seguro é de 800 reais em caso de roubo do aparelho e ele não perderia mais tanto dinheiro se fosse furtado. Tive que concordar com o Mévio, que "excepcional" negócio!
Eu também prefiro usar o sistema operacional da marca da maçã e desde 2013 uso o iPhone 4. Em um ano ele vai pagar um seguro de celular 960 reais, mais do que o valor do meu celular. Para as funções que eu utilizo, o iPhone 4 cumpre todas as necessidades, o único inconveniente é o tamanho pequeno da tela. Eu uso o celular para ligações, email, aplicativos de mensagens e waze. Para a maioria das pessoas, não há necessidade de pagar 3700 reais por um aparelho.
O meu entendimento de seguro é um pouco diferente do entendimento que o Gregório expôs nesse post, eu penso que é muito mais vantajoso formar uma reserva de capital grande o bastante para que não seja necessário contratar a maioria dos seguros. Quanto menor é o valor do objeto segurado, menos vantajoso é o seguro.
Vou dar um exemplo: há alguns anos atrás comprei um notebook com garantia de um ano para defeitos de fabricação. O vendedor ofereceu um seguro da loja para estender a garantia por mais um ano que custaria cerca de 7% do valor do produto. Resultado: depois de dois anos caiu água sobre meu notebook, eu comprei um modelo mais avançado e salvei meu HD antigo. Se eu tivesse pago a "garantia estendida", não estaria coberto do mesmo jeito. Imagino o quanto a loja ganhava quando conseguia vender uma "garantia estendida" pela grande insistência do vendedor em me fazer comprar o seguro.
O caso do seguro do iPhone 7 é ainda mais espantoso: ele custa 960 reais por ano, que é cerca de 26% do valor do aparelho. Contando o valor da franquia, esse seguro só seria vantajoso se o telefone fosse roubado uma vez a cada três anos!
Meu tio ensinou-me alguns conceitos de finanças pessoais em conversas simples. Uma vez o perguntei porque ele não fazia seguro de seu carro e a resposta dele foi muito objetiva, ele disse que calculou que poderia ter dois carros roubados ou totalmente destruídos durante a vida e mesmo assim o seguro não valeria a pena financeiramente. É óbvio que, para se dar ao luxo de não ter que fazer seguro do carro, é necessário ter uma reserva financeira suficiente para pagar de imediato algum reparo emergencial ou dano a terceiros.
Não é necessário deixar o valor de um carro na poupança para não ter que fazer o seguro do carro, pode-se deixar um valor emergencial na poupança (para sacar no caixa no sábado a noite em caso de emergência), deixar um valor maior em um CDB de liquidez diária e o resto em RF com liquidez semanal. Se você adotar essa mentalidade vai estar fazendo a mesma coisa que as seguradoras fazem: montará um estoque de dinheiro que fica investido e rentabilizado para eventuais emergências.
Se alguém disser "Como você faria para pagar se batesse em uma Ferrari?", saiba que todo o seguro tem um limite de pagamento, não existe nenhum seguro infinito que cobre qualquer perda. Nesse caso, mesmo se você estivesse segurado teria que pagar a maior parte do valor da Ferrari, porque o limite de cobertura da maior parte dos seguros é de menos de 100 mil reais.
As seguradoras que têm ações negociadas na bolsa dão muito lucro (PSSA3 e SULA11) e eu prefiro ser sócio de seguradoras e fazer minha própria provisão para perdas. Só faria seguro se tivesse não tivesse como pagar a possível perda ou dano causado em algum bem, em todos os outros casos sempre é vantajoso fazer o próprio seguro com reservas financeiras.
Mévio saindo do festival triunfante |
DISCLAIMER: Não seja como o Mévio.
Deixando de lado a parte sombria das desventuras do Mévio, vou passar para a parte que mais me chocou: Mévio contratou um seguro para celular e paga 80 reais por mês!
Segundo Mévio, foi um excelente negócio, a franquia do seguro é de 800 reais em caso de roubo do aparelho e ele não perderia mais tanto dinheiro se fosse furtado. Tive que concordar com o Mévio, que "excepcional" negócio!
Eu também prefiro usar o sistema operacional da marca da maçã e desde 2013 uso o iPhone 4. Em um ano ele vai pagar um seguro de celular 960 reais, mais do que o valor do meu celular. Para as funções que eu utilizo, o iPhone 4 cumpre todas as necessidades, o único inconveniente é o tamanho pequeno da tela. Eu uso o celular para ligações, email, aplicativos de mensagens e waze. Para a maioria das pessoas, não há necessidade de pagar 3700 reais por um aparelho.
O meu entendimento de seguro é um pouco diferente do entendimento que o Gregório expôs nesse post, eu penso que é muito mais vantajoso formar uma reserva de capital grande o bastante para que não seja necessário contratar a maioria dos seguros. Quanto menor é o valor do objeto segurado, menos vantajoso é o seguro.
Vou dar um exemplo: há alguns anos atrás comprei um notebook com garantia de um ano para defeitos de fabricação. O vendedor ofereceu um seguro da loja para estender a garantia por mais um ano que custaria cerca de 7% do valor do produto. Resultado: depois de dois anos caiu água sobre meu notebook, eu comprei um modelo mais avançado e salvei meu HD antigo. Se eu tivesse pago a "garantia estendida", não estaria coberto do mesmo jeito. Imagino o quanto a loja ganhava quando conseguia vender uma "garantia estendida" pela grande insistência do vendedor em me fazer comprar o seguro.
O caso do seguro do iPhone 7 é ainda mais espantoso: ele custa 960 reais por ano, que é cerca de 26% do valor do aparelho. Contando o valor da franquia, esse seguro só seria vantajoso se o telefone fosse roubado uma vez a cada três anos!
Meu tio ensinou-me alguns conceitos de finanças pessoais em conversas simples. Uma vez o perguntei porque ele não fazia seguro de seu carro e a resposta dele foi muito objetiva, ele disse que calculou que poderia ter dois carros roubados ou totalmente destruídos durante a vida e mesmo assim o seguro não valeria a pena financeiramente. É óbvio que, para se dar ao luxo de não ter que fazer seguro do carro, é necessário ter uma reserva financeira suficiente para pagar de imediato algum reparo emergencial ou dano a terceiros.
Não é necessário deixar o valor de um carro na poupança para não ter que fazer o seguro do carro, pode-se deixar um valor emergencial na poupança (para sacar no caixa no sábado a noite em caso de emergência), deixar um valor maior em um CDB de liquidez diária e o resto em RF com liquidez semanal. Se você adotar essa mentalidade vai estar fazendo a mesma coisa que as seguradoras fazem: montará um estoque de dinheiro que fica investido e rentabilizado para eventuais emergências.
Se alguém disser "Como você faria para pagar se batesse em uma Ferrari?", saiba que todo o seguro tem um limite de pagamento, não existe nenhum seguro infinito que cobre qualquer perda. Nesse caso, mesmo se você estivesse segurado teria que pagar a maior parte do valor da Ferrari, porque o limite de cobertura da maior parte dos seguros é de menos de 100 mil reais.
As seguradoras que têm ações negociadas na bolsa dão muito lucro (PSSA3 e SULA11) e eu prefiro ser sócio de seguradoras e fazer minha própria provisão para perdas. Só faria seguro se tivesse não tivesse como pagar a possível perda ou dano causado em algum bem, em todos os outros casos sempre é vantajoso fazer o próprio seguro com reservas financeiras.
Deixa ele ir comprando seguro, enquanto nós vamos comprando seguradoras. Enquanto uns choram outros vendem lenços.
ResponderExcluirSalve, Uó! Isso mesmo, não tem como ajudar quem não quer ser ajudado, o jeito é ficar do lado vencedor da negociação.
ExcluirAbraços!
Grande CAPITALISMUM, há tempos venho acompanhando seu blog. Gosto muito de poder ler ele e, inclusive, te adicionei na minha lista de blogs que sigo. Sou iniciante na blogosfera. Você topa adicionar meu blog na sua lista de blogs também?
ResponderExcluirhttp://academicoinvestidor.blogspot.com/
Agradeço.
Sinceramente, O Acadêmico Investidor.
Saudações, Acadêmico Vulgar! Seu blog já está incluído na minha blogroll.
ExcluirAbraços!
Verdade.
ResponderExcluirAs pessoas ficam no pé, até mesmo investidores e educadores financeiros, para que você pague por um seguro. Daí eu penso: por que ter seguro se um provisionamento ou reserva de emergência podem cobrir minha possível perda?
Nós, aportadores disciplinados e orientados à independência financeira, já temos a facilidade de poupar com planejamento, então por que não provisionar alguns bens de consumo?
Abraço!
Salve, Anon! Sim, quando você faz um provisionamento os juros estão a seu favor, mas quando você contrata um seguro os juros ficam a favor da seguradora, dessa forma é muito mais sensato, quando possível, provisionar do que contratar um seguro.
ExcluirAbraços!
Boa noite, gostei muito desse post, vou tentar usar isso para mim, utilizo seguro do carro, mas tudo que já gastei durante anos, se tivesse investido e rentabilizado, estaria em uma situação muito melhor.
ResponderExcluirAbraços.
Salve, Educador! Também já usei alguns seguros, mas assim que minha situação financeira foi melhorando comecei a descontratá-los. Sempre é o caso utilizar os juros a seu favor.
ExcluirAbraços!
Não sei muito sobre carros (quase nada), mas o seguro não é obrigatório hoje em dia? No Brasil ocorrem sinistros de todo tipo. Infelizmente não se pode dizer que faz parte do mundo normal. Existem inúmeros casos de gente que comprou o carro e o teve roubado, tendo que pagar as prestações até o final.
ResponderExcluirNo mais concordo, seguro é um assalto legalizado. Aliás, a partir do momento em que tornaram alguns seguros obrigatórios, é exatamente isso, um assalto legal conquistado através de muito lobby.
Também não duvido que companhias de seguro provoquem ações terroristas, desde o clássico vidraceiro que manda o filho apedrejar os vidros do bairro.
Salve, CF! Só é obrigatório o seguro DPVAT, mas ele só cobre danos à saúde do motorista e de terceiros e o valor anual é de 63,69 reais para todos os veículos categoria B.
ExcluirEu tomo algumas precauções para não ter o carro roubado: evito parar na rua, uso rastreador e tenho uma chave geral que desarma todo o sistema elétrico do carro.
Existem alguns setores de grandes riscos em que tornou-se obrigatório contratar seguros, mas para pessoas físicas o único obrigatório ainda é o DPVAT.
A ação "terrorista" que muitas seguradoras fazem é declarar PT no veículo quando as peças valem mais que o valor do sinistro. Não duvido que existam também outras modalidades mais obscuras.
Abraços!
Eu tenho seguro de carro e do meu imóvel.
ResponderExcluirPago numa boa desejando nunca usar.
Conheço dois "espertos" que me criticavam por ter seguro e eles (espertões) não terem. blablabla eu prefiro gastar essa grana com outra coisa, blablabla vc tá jogando dinheiro fora, até que, meu primo teve o carro dele roubado. Xiiiiiiiiii. Cadê aquela esperteza toda agora? Teve que pagar por fora para a polícia civil encontrar o carro. Encontrou, mas ficou mais caro do que tivesse feito o seguro.
Já o meu colega de serviço, estacionou o carro dele na rua X e quando voltou (espertão) foi procurar o carro na rua Y. Resultado, achou que tinha sido roubado. Ligou para todo mundo ajudá-lo a encontrar o carro (kkkkkk, espertão).
Outro colega viu o carro dele na rua X e ligou para o espertão, que estava chorando na delegacia fazendo o BO. kkkkkkkkkk
Pergunte se ele tem seguro hoje?
Abração!
Saudações, Anon! Você tem dois amigos Mévio (do latim: aquele que só faz merda), não conheço as histórias dos dois, mas esse primeiro deve ter cometido algum descuido e o carro foi roubado e depois pagou algum policial corrupto para elevar a prioridade de atendimento. O segundo é um grande imbecil, deveria estar tão chapado que esqueceu onde estacionou o carro.
ExcluirComo meu tio disse, você pode ter dois carros destruídos durante a vida e ainda estará no lucro se não tiver seguro.
Abraços!
Mais um ótimo post.
ResponderExcluirEu não tenho seguro de vida, plano de saúde etc. Todo o dinheiro economizado com isso é investido para eventuais imprevistos.
No caso do carro, optei por fazer o seguro porque moro em uma metrópole bastante violenta. Se morasse em uma cidade mais tranquila, certamente também não faria.
Sucesso!
Valeu, Aroldo! É muito bom poder substituir esses seguros por provisionamentos próprios. No caso do carro acho muito útil investir em alguns dispositivos de segurança que tornam quase impossível o bandido sair andando com o seu carro e mesmo que ele consiga ainda dá para colocar rastreadores para recuperar o carro, essas medidas seriam muito mais baratas que contratar um seguro.
ExcluirAbraços!
um ponto de vista bem polemico. tem que fazer as contas se realmente vale a pena ter seguro de tudo e qual seria o impacto no orçamento para cobrir uma despesa médica elevada, roubo do carro ou incendio na casa. vou por no meu to-do list. parabens pelo blog !
ResponderExcluirSalve, Vagabundo! Gostei do seu nick, adicionei o seu blog ao blogroll. Matematicamente é melhor ter uma reserve financeira, mas se você não tiver condições dá para fazer um seguro até juntar a reserva necessária.
ExcluirAbraços!
Excelente artigo! Também sempre falava isso para os meus amigos, que não valia a pena fazer seguro de carro e tal, e acredito que influenciei um amigo meu (indiretamente) a não fazer no seu carro novo. Ele não tinha tirado a licença há muito tempo e acabou capotando o carro na estrada em uma viagem noturna. Por um tempo fiquei meio com peso na consciência, porém depois que parei para refletir ele assumiu o risco de viajar à noite com pouquíssimo tempo de experiência como motorista.
ResponderExcluirAcho que a questão do seguro vai muito de motorista para motorista, no meu caso eu sempre pago estacionamento para parar o carro, no serviço tem estacionamento e no meu condomínio também, logo meu risco é muito reduzido para furtos e também tenho um perfil muito conservador ao dirigir o carro por isso optei por não fazer.
Agora uma pessoa que vive dirigindo igual um louco, deixa o carro na rua em lugares perigosos... aí nesse caso acredito que valha a pena.
Obrigado, Anon! Minha reserva para emergências automobiísticas está desde a época que escrevi este artigo investida em 100% do CDI com liquidez diária. Imagine o dinheiro que teria perdido se tivesse feito seguro por 2 anos e meio e nunca usado.
ExcluirAbraços!